Pe. Dário Pedroso sj
O verão é sempre, para muitos, não para todos infelizmente, tempo de justas e merecidas férias. Se pegarmos no livro do Génesis, encontramos de um modo pedagógico e poético o descanso de Deus. Depois de ter criado o universo, a terra, os animais, as plantas, a água, as flores e os pássaros, os peixes e os oceanos, o próprio homem e mulher, durante seis dias, Deus descansou ao sétimo dia. Descanso que marcou a vida do povo eleito, de um modo religioso, na observância rigorosa do descanso sabático. E no Evangelho encontramos Jesus e os apóstolos numa vida evangelizadora dura e exigente, com caminhadas longas, difíceis, com fome e sede, com multidões e rodeá-los, mas o Mestre, o Rabi delicado e compadecido, convida os seus amigos dizendo: “Vinde e descansai um pouco”. Também eles precisavam de descanso no meio do turbilhão agitado da vida. Retemperar energias, fortalecer a alma e o corpo, descansar, retomar ânimo para outras caminhadas e outros trabalhos. Com Deus Pai, o Criador, com Jesus, precisamos de aprender a ter boas férias, mesmo simples e modestas, mas que nos repousem a sério para recomeçar nova labuta da vida.
Descansar para imitar Jesus. Descansar com Jesus. Descansar em Jesus, pois Ele nos disse: “Vinde a Mim, vós que andais oprimidos e sobrecarregados e Eu vos aliviarei”. Só férias com Jesus e em Jesus são, de verdade, descansativas, pois nos mergulham n’Ele que é paz, tranquilidade, divino Consolador. Só n’Ele se encontra a força, a energia, o dinamismo. Só n’Ele a felicidade e a alegria. Só n’Ele a tranquilidade que nos sossega a alma e o corpo, que nos apazigua o coração. Só n’Ele, fonte de “água viva”, nos poderemos refrescar de verdade e com frutos fecundos. Só n’Ele que é Pão da Vida, encontraremos o alimento divino que retempera forças espirituais e psicológicas. Só n’Ele, dentro do seu Coração, que é abrigo seguro, teremos a paz e o sossego que as férias procuram dar. Só n’Ele e com Ele, Divino Samaritano teremos a cura corporal e espiritual, talvez mesmo psicológica, que tanto precisamos no meio da pandemia que avassalou o mundo, que fez gerar tantas mortes e tanto sofrimento, e um confinamento doloroso e agressivo, uma solidão que destrói a paz e a alegria. Só Ele que consolou Marta e Maria pela morte de seu irmão Lázaro e consolou Madalena que chorava junto do túmulo onde estivera o corpo de Jesus crucificado e morto, pode enxugar tantas lágrimas e curar tantos sofrimentos. Férias para estar com Ele, para se colocar dentro d’Ele e do seu Coração, poderão ser bálsamo, descanso, paz e consolação, graça que cura e que retempera.
Mas vou-me convencendo, cada vez mais, que Maria, a Mãe de Jesus e a nossa Mãe, é poderosa intercessora, sabe apaziguar corações e vidas, ajudar a lutar, a descansar, a vencer batalhas, a enxugar lágrimas. Celebrar sua Assunção ao Céu em corpo e alma, no dia 15 de Agosto, será prodigiosa graça, momento alto das nossas férias. Com Ela, a Mãe e Mestra, que é a Senhora das Vitórias, a Mãe do Salvador, a Senhora vencedora da serpente maligna, encontramos descanso e bálsamo. Com Ela a Fonte da Alegria, a Mãe do Ressuscitado, o Auxílio dos cristãos, a Saúde dos enfermos, encontramos a paz e a serenidade para encontrar Deus em nós e tudo em Deus.
Ouçamos com silêncio orante este precioso ensinamento da Madre Rivier: “Maria trouxe o Verbo de Deus durante nove meses no seu seio, mas durante toda a sua vida trouxe-O no seu coração”. As férias com Maria, a Mãe, serão uma escola contínua para ter Jesus no coração, para O levar aos outros, para ser portador d’Aquele que alegra, descansa, consola. Uma palavra, um sorriso, um gesto delicado, um momento de diálogo, serão portadores de Jesus. Com Maria, a celebrar sua Assunção, sua glória, saberemos a graça de termos Jesus e de podermos dá-Lo aos outros.
