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FÉRIAS: UM DIREITO E UM DEVER

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Pe. Dário Pedroso, sj

Com os meses de Verão, chegam para muitos, as merecidas férias. Estas férias 2020, contudo, serão para todos, de uma ou de outra forma, bem diferentes de todas as outras das nossas vidas. A situação vivida a nível mundial devido à pandemia Covid-19 mudou completamente as nossas rotinas e também a nossa forma de conceber certas realidades.

É verdade que férias não são só um direito, são um dever. Todos as deviam poder usufruir, para seu descanso, seu lazer, para retemperar o ânimo, para recuperar energias, para poder ter mais tempo para Deus, para si mesmo, para a família. As férias são um dever. O corpo, a alma, a pessoa, quem quer que seja, merece-as e precisa delas.

Infelizmente há uma multidão de gente que não pode gozar o tempo dumas férias justas e repousantes. Muitos não têm disponibilidade de tempo, pois continuam sempre as suas tarefas habituais; outros, apesar de pararem com o trabalho quotidiano, têm outras actividades ou, por vezes, não têm meios económicos para poder gozar umas férias descansativas; outros ainda, apesar de mudarem de trabalho ou mesmo de casa e local da habitual habitação, continuam cheios de tarefas e sem descanso, como muitas mães de família, que apesar de «irem para férias» continuam a cozinhar, a lavar, a arrumar, a pensar na casa, nas compras, na labuta do dia-a-dia. Outros finalmente vivem neste tempo as consequências trazidas pelo vírus, sobretudo aqueles que mais diretamente estão implicados no cuidado de tantas pessoas. E lá se vão as merecidas férias e o descanso necessário para um são equilíbrio físico, espiritual e psicológico.

Precisamos todos de um tempo de férias descansativas para poder encontrar Deus com mais paz. Precisamos de férias para nos encontrarmos a nós próprios, sossegar. Precisamos das férias para estar mais com a família. Precisamos de férias para ter uma boa leitura, para rezar mais, para nos empenhamos no diálogo com Jesus. Precisamos de férias para descansar e dormir mais. Precisamos de férias para ter férias de tudo, menos de Deus e de algumas obrigações familiares. Precisamos de férias para participar da Eucaristia, ainda que agora de forma limitada. Precisamos de férias para encontrar Deus nas circunstâncias únicas que vivemos e falar descansadamente do que se passa no nosso coração, das alegrias e dores, das perdas e recomeços. As férias bem vividas serão bela ocasião, dom de Deus, para muitas das coisas que precisamos.

Não dar “férias a Deus”, à oração, ao enriquecimento humano e espiritual. Que a natureza, a serra, o mar, as dunas, as praias, as florestas, etc. nos ponham em contato com Deus Criador, com seu Filho Jesus, com Maria, a Mãe. Porque não fazer uma visita a um santuário para ficar, com tempo, para rezar, comtemplar? Porque não ler um bom livro, que aumente nossa formação? Porque não visitar alguns familiares mais doentes ou idosos? Porque não aproveitar as férias para descansar mais, mesmo na nossa casa, se não podemos ter possibilidade para sair e “ir de férias”?

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