Escritos Espirituais PM
A Quaresma é por excelência um tempo de aprofundamento espiritual. Vivamos este tempo como um apelo forte à santidade, sabendo que esta pede uma resposta corajosa: uma decisão e um esforço contínuo. Neste tempo tão propício à lectio divina, consagremos longos momentos à meditação da Palavra de Deus, a fim de purificar a nossa fé, a nossa esperança e para que resplandeça na nossa vida, algo da santidade de Deus, da Sua Glória.
Com a oração, o jejum é um dos dons preciosos para todos aqueles que estão comprometidos na evangelização. Deve proceder do coração, ser inspirado pelo amor e ordenado ao Amor de Deus e do próximo. É preciso jejuar de toda a forma de egoísmo, de toda a violência, de toda a vontade de domínio.
A renovação, depende de mim, está na conversão pessoal, na busca constante da santidade de Deus, é agora o tempo da salvação. Em cada momento, reconhecer, a ocasião favorável, que me é oferecida em tais gestos a realizar, tal palavra a calar, tal resposta a dar. É a vontade de Deus, em Jesus Cristo, que vivamos na santidade. Estamos todos chamados a viver as exigências do Amor. Esse Amor que é esquecimento de si, como Jesus Cristo que nos amou e Se entregou por nós. Vive-se em comum alguma coisa: isso transparece, torna-se contagioso e a missão caminha por si mesma.
Só os santos, ou pelo menos aqueles que procuram a santidade, fazem avançar o Reino de Deus e trabalham pela verdadeira felicidade dos homens. A renovação não se faz com discursos, mas na vida e, todos os dias. Assim foi com Santa Teresa de Ávila: determinei-me a fazer o pouco que dependia de mim, quer dizer, a seguir os conselhos evangélicos com toda a perfeição possível. E Santa Teresa do Menino Jesus: viverei do espírito do Carmelo, como se toda a santidade da Ordem dependesse de mim! E pôs-se a realizar gestos humildes, com a certeza profunda de que ali estava a sabedoria e o maior amor, a verdadeira vida, para ela e uma multidão de irmãos.
Como mostrar Jesus Cristo, se não estamos pessoalmente convertidos a Ele, centrados nEle? A missão é uma aventura espiritual com Cristo, uma busca de Jesus Cristo, na qual arrastamos outros, para a sua alegria, a sua felicidade. É um segredo que se descobriu e se comunica, uma Boa Nova que nos apressamos a levar aos amigos, tal foi o testemunho de João Batista, aos seus discípulos: no meio de vós, está alguém que não conheceis (Jo 1,26). O testemunho de André a seu irmão Simão: encontramos o Messias e diz o evangelista, levou-o a Jesus (Jo 1,42).
O evangelizador é um homem, é uma mulher que se encontrou com Deus e cuja vida se transformou com esta descoberta. É a conversão que evangeliza, todo o homem e mulher que se converte a Jesus Cristo torna-se, por esse facto, um apóstolo. Se a nossa vida não é polarizada por Jesus Cristo, qual é o Deus que nós adoramos? Existe neste momento, uma grande fome de vida espiritual, em toda a Igreja e por toda a parte. O mundo tem uma necessidade imensa, para a sua felicidade e a sua paz, de homens e mulheres habitadas pelo Espírito de Deus, movidas por Ele, capazes de lhes transmitir Jesus Cristo pelo seu próprio ser e agir.
Homens e mulheres interiormente preparados sobre os quais a falsa sabedoria do mundo não tem nenhuma acção, porque estão completamente invadidos, possuídos pelo Espírito de Deus. Adoram somente a Deus e são pobres e livres relativamente a todo o resto. Neles, a carne e o mundo estão constantemente crucificados transfigurados na Páscoa de Cristo, Homem Novo. Há um futuro para aqueles que confiam plenamente em Deus e O adoram.
Para fazer avançar o Evangelho é necessários homens e mulheres que O incarnem na sua vida. A sua força impulsionante de amor deve ser, no discípulo uma força que explode, que se projeta em todas as palavras, em toda a sua atividade. É o Espírito que faz as testemunhas (Act 1,8). Os Apóstolos, depois do Pentecostes, não podiam deixar de falar (Act 4,20). O Espírito transforma em fogo a letra da Palavra, torna-a penetrante, capaz de despertar as consciências, de quebrar os corações. A unção torna viva a verdade revelada, vitaliza-a, comunica vida. Sem unção, estamos entregues aos espaços dos nossos engenhos e dos nossos talentos humanos. Podemos transmitir uma doutrina, mas não uma mensagem. Não somos testemunhas.
Entre aquele que possui a unção e aquele que a não possui existe um abismo espiritual. Os alentos naturais são excelentes. A cultura e a competência são necessárias. Mas aquilo de que temos maior necessidade para dar à nossa missão uma influência espiritual é de santos procedimentos diante de Deus. A oração autêntica, despojada, corajosa, na busca de Deus, alimenta e fortifica para a missão. Quando fazemos oração, o encontro vivo e vivificador com Cristo Senhor, torna-nos ardentes em zelo, tal com Maria Rivier e as suas primeiras Irmãs.