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Perfil de um educador segundo Maria Rivier

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Eis que chegou o mês de setembro…e com ele, o início de mais um ano letivo, com tudo o que esse retorno à escola pode trazer de novidade, de incógnita, de dúvidas e desafios. A arte de educar sempre esteve repleta de desafios, mas este ano ganhou um bónus extra e por isso, todo aquele que tem a missão de educar vê-se a braços com um novo desafio.

Maria Rivier via na educação um meio de levar Jesus Cristo ao coração dos mais novos, assim como uma forma de apetrechar as crianças e os jovens com valores e conhecimentos, que lhes dariam a oportunidade de construir um futuro digno. Por esta ser uma missão tão importante e exigente, ela animava e exortava as suas irmãs a cultivarem determinadas características, que pudessem, pouco a pouco, fazê-las encontrar o caminho do coração de cada um(a) dos(as) que lhe eram confiados. 

Ler o passado ajuda-nos a perceber o presente e a caminhar rumo ao futuro, por isso ao longo do mês de setembro e outubro, iremos partilhar alguns fragmentos das cartas que Maria Rivier escrevia às irmãs que tinham como missão educar. Cartas essas onde Maria Rivier ia apresentando os traços importantes do perfil, que uma irmã da Apresentação de Maria deveria ter, na sua missão de educar.  

Sede pacientes

Sereis amadas e respeitadas pelas crianças, se fordes pacientes, diz e rediz a Superiora às suas filhas. Algumas querem ir mais depressa que o Bom Deus cujas esperas no entanto fazem parte do seu plano de santificação para os seus eleitos. À Irmã Daniela, ela dirá:

Se se conhecesse bem, não ficaríeis surpreendida de as vossas alunas não fazerem os progressos que a irmã desejava. Quereríeis talvez que elas aprendessem tudo duma vez, que fossem logo santas, mas é preciso tempo para tudo e ter paciência para os outros como para si-mesma. Pois bem, é bom tomar consciência dos próprios limites antes de exigir dos alunos: Tende mais paciência, não espereis a perfeição das crianças. Acontece às vezes que se exige delas mais do que se faz a si-mesma.

Maria Rivier vai ter esta palavra encorajadora para a nossa Imã Paulina: Não estou admirada por as vossas alunas não serem ainda fiéis ao regulamento: isso virá com a paciência sobretudo se estiverdes muito atenta a seguir em tudo o espírito de Deus e não as vossas próprias tendências.

E os mais pequeninos, como é preciso compreendê-los e olhá-los com os próprios olhos de Jesus Cristo! Quantos discursos a favor da candura infantil. Podeis ensinar a oração às crianças, mas nunca mantendo-as de joelhos. Sede boa, Atanásia, suplica ela. E à irmã Désiré, dá uma lição de tolerância:

Não vos atormenteis tanto porque as vossas criancinhas se mexem tanto durante a aula e até durante o catecismo; está-lhes no sangue. É preciso ter paciência contanto que não façam excessos. Corrigi-as docemente, tendo em vista a sua idade, ao que sofrem de se verem atreladas a bancos todo o dia. É sempre um bem mantê-las aí e instruí-las.

A irmã Abel não deveria estar sempre a regatear e ser tão exigente com as suas pequenas alunas que não são anjos. É preciso suportá-las, deixar passar coisas sem importância, dar-lhes mesmo alguns louvores para encorajá-las quando têm mais juízo. Se a mestra continua sempre a ralhar, castigar e a nunca estar contente, ela não se fará amar pelas crianças e, consequentemente não realizará o bem que ela lhes pode fazer.

Maria Rivier está bem consciente que o sublime da vocação de professora pode, a certas horas, ser velado pelo trivial da tarefa; ela está, portanto muito atenta a dirigir as boas vontades das suas filhas sem experiência ou tímidas, a encorajá-las, face, face às situações difíceis. O conselho que vem, naturalmente, à sua pena, é a oração que fará ver a beleza da renúncia e produzirá conversões:

Ponde todos os dias as vossas crianças sob a proteção da Santíssima Virgem e dos seus Anjos da Guarda e vereis que, pouco a pouco, haverá mudança. Além disso, sabeis que a coisa que nos dará mais consolação quando aparecermos diante de Deus, é tudo o que tivermos feito com repugnância e amor. É preciso ir sempre contra esta natureza, que não quereria nunca ser contrariada.

Este conselho, ela vai repeti-lo muitas vezes e à irmã Josefina, neste termos: Pedi e recebereis. Dirigi-vos à Santíssima Virgem para obter a piedade para as vossas alunas e perseverareis até serdes ouvida. É bem o tempo, neste mês de maio, de vos renovardes no seu serviço e na confiança para com esta boa Mãe. Inspirai a sua devoção tanto quanto puderdes às vossas alunas.

A Madre tem fé nas possibilidades das crianças, muito especialmente, nas naturezas ardentes, até difíceis, mas enérgicas. Ela sabe que, de tropeção em tropeção, tais alunas acabarão por se fortalecer no terreno firme dos verdadeiros valores. E eis o encorajamento que recebe a Irmã Jubin:

Vedes que as vossas penas não são perdidas; haverá sempre alguma aluna que deles aproveita e mesmo se elas testemunham muita ligeireza, é preciso não as rejeitardes. A boa semente que lançais no seu coração aproveitará a seu tempo, tenho disso experiência: temos muitas vezes mais consolações das nossas internas estouvadas e que nos deram problemas que de outras com um carácter mais tranquilo. Tende pois boa coragem e formai essas queridas crianças no amor da oração e da virtude.

A Irmã Saint Maurice é ainda noviça quando recebe uma carta da sua Superiora. É particularmente interessante ver que a noviça exemplar precisa de ser encorajada, estimulada: o que não tarda em fazer Maria Rivier que a ama ternamente. Depois de a ter comprometido a sacudir a sua aparência, a meditar Jesus Cristo e a tomá-Lo como modelo, ela prossegue:

Coragem, minha muito querida Filha, não escuteis a vossa timidez; desejo-vos grandes progressos em todas as virtudes… Nunca percais a coragem, por difíceis que sejam as vossas alunas; tende paciência e pedi todos os dias à Santíssima Virgem que abençoe todas as vossas lições e todas as vossas crianças. Dizei-lhes que as amarei muito, se forem submissas e aplicadas a todos os seus deveres. Adeus, desejo-vos todas as bênçãos do céu e abençoo-vos com todo o meu coração, como o desejais e asseguro-vos de toda a minha ternura. Amo-vos como minha filha muito querida.

Pedimos a intercessão de Maria Rivier, para que nos deixemos modelar pelo próprio exemplo de Jesus Cristo, enquanto educador, e nos tornemos cada vez mais “artesãos das gerações futuras”, como nos diz o Papa Francisco.

Nota: As transcrições das palavras de Maria Rivier, conservam integralmente a linguagem própria da época.

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