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Sede inflamadas de zelo – Perfil do Educador

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Segundo Maria Rivier

As educadoras poderão prodigalizar a sua dedicação, transmitir com competência o seu saber, mas serão incapazes de responder à mais profunda expectativa dos jovens sem um ardor apaixonado pela glória de Deus. Se se pode dizer que uma estátua dorme em cada pedra, a Madre Rivier apercebe o santo em expectativa em cada alma de criança; por consequência, ela deseja ardentemente que as suas educadoras sejam filhas de fogo, aptas a dar Jesus Cristo a essas jovens. Como amo as irmãs fervorosas que saboreiam a sua vocação, o seu estado e não respiram senão zelo e ardor para os seus trabalhos. Essas são as minhas verdadeiras filhas. Esta Madre, fascinada pela glória de Deus, deseja precisamente a cada uma das suas filhas algumas faíscas do zelo dos santos missionários que se entregam totalmente para espalhar o conhecimento de Jesus Cristo, aniquilar o reino do demónio e do pecado. No entanto semelhantes faíscas não brotam já em abundância do seu próprio coração ardente? Deveríamos ser todas de ardor e fogo para o serviço do Senhor; tenho sempre esperança que isso acontecerá e que no fim viveremos só para Ele, que não haverá mais nada de nós-mesmas. Que Deus nos conceda esta graça. Trinta anos depois desta carta, nem ardor nem o fogo amorteceram e a Madre escreve ainda à irmã Xavier: A vossa boa vontade para contrariar os projectos do demónio agrada-me muito. Sim, minha filha, vamos fazer-lhe guerra, enquanto Deus me der um sopro de vida. As irmãs precisam de muito zelo para reformar e inspirar a piedade. A uma delas ela vai dizer:

Quereis trabalhar para a glória de Deus e eu peço ao Senhor que abrase o vosso coração com o seu amor e com a sua caridade; se esse amor ardente entrar no vosso coração, ele tirará dele tudo o que há de humano: o amor é forte como a morte. Fazei conhecer e amar muito Jesus Cristo e inspirai devoção à sua santa Mãe. Desejo que o fervor seja ardente na vossa casa.

Esse fogo brotará sem cessar sob a pena de Maria Rivier, sobretudo nos seus conselhos relativos à oração, à formação da virtude: Procurai inspirar bem a piedade às vossas crianças, mas uma piedade sólida que vai reformar o coração, fazer temer e evitar o pecado…” Inspirai às vossas alunas o espírito de oração, de simplicidade e o amor ao trabalho. Podeis fazer um grande bem porque estas pobres crianças estariam muito expostas, se não tivessem uma educadora cristã. O bem que se faz não aparece sempre mas é grande aos olhos de Deus.

E se, em certos estabelecimentos, o fogo não estiver atiçado? O coração da Madre fica angustiado todas as vezes que não vê a obra de Deus bem feita assim como ela confessa às irmãs do Monastier:

Amo-vos com uma afeição de Mãe, mas não vos esconderei que vos deixei com o coração bem pesado e fiquei sensivelmente afectada com o pouco de consolação que experimentei. A falta de devoção, a dissipação das vossas crianças fizeram-me muita pena porque não a podia atribuir senão ao pouco zelo das mestras, porque podemos tudo o que queremos quando somos fervorosas e zelosas… Tende coragem para fazer bem todas as vossas obras, não pareis por causa das mais pequenas dificuldades, não vos canseis, recomeçai, rezai a Deus com fervor. Vamos, minhas queridas filhas, tende zelo e contei com a minha ternura materna.

As filhas de Maria Rivier conhecem bem o artigo do Regulamento das Escolas que se lê como segue:

Uma irmã da Apresentação de Maria, revestida da sublimidade da sua vocação e verdadeiramente animada do espírito do seu estado, experimentará uma alegria secreta, sentirá as suas forças reanimar-se e o seu zelo inflamar-se, quando chegar o momento em que ela deve começar o santo exercício do catecismo. Está aqui o fim do Instituto, o termo dos seus outros trabalhos: deve ser a ocupação querida do seu coração. Partilhar com Jesus Cristo esse amor terno e ardente que ele tem pelas almas, resgatadas pelo seu sangue, ensinar as crianças a conhecê-lO e a amá-lO desde a sua mais tenra idade, enfraquecer o reino do demónio e do pecado, preparar para a Igreja verdadeiras cristãs, que honra, que vantagem, que consolação!… Será consagrada todos os dias uma hora inteira ao Catecismo.

Directivas tão comprometedoras constituem o farol que banha com a sua luz toda a actividade apostólica das filhas de Maria Rivier e como é que esta última não ficaria transtornada ao saber que a irmã Reina recusou dar Catecismo:

Vejo com pena que não sois fervorosa: recusais fazer o que constitui o essencial da nossa vocação e dizeis: “em que honra é que há hoje Catecismo? Sabei que em Bourg, ensinamo-lo todos os dias, aos domingos, nos dias de férias, tal como nos outros dias. Nunca nos dispensamos de fazer este santo exercício. É preciso terdes muito pouco zelo para responderdes como vós o fizestes e testemunhardes tanta impaciência e repugnância para com este pobre Catecismo. Não posso dizer-vos a pena que experimento por ver tão pouca dedicação e zelo, tenho o coração aflito.

Chamadas de atenção semelhantes voltam frequentemente à pena da Superiora que no entanto sabe muito bem que trabalhar para a glória de Deus implica cansaços, decepções:

Fazei o melhor possível e Deus ficará tão contente como se conseguísseis maravilhas. O sucesso poderia satisfazer o vosso amor-próprio, enquanto que não há mal em ser um pouco humilhado. O bom Deus sabe bem tudo o que Ele faz: não vos desencorajeis portanto, apoiai-vos nele e não procureis senão a Sal vontade.

Que consolação experimenta a Madre Rivier quando vê o zelo das suas filhas desenvolver-se num, clima de alegria: não a alegria das devotas deste mundo que só fazem boa cara ao que as lisonjeia ou lhes dá prazer, mas um ar de contentamento que anuncia a verdade das palavras de Jesus Cristo: “O meu jugo é suave e o meu fardo leve”; não a alegria fácil, resultado dum bom humor de carácter que, após um passo difícil retome imediatamente o seu equilíbrio, mas a alegria sublime em que Deus submerge os que têm a obsessão da sua glória e é desta alegria que os jovens têm fome, como têm fome de verdade sem poderem sempre analisar as suas necessidades profundas. Tenho muito prazer, escreve ela à Irmã Thérésia, pela felicidade que sentis junto das vossas alunas. Dizeis-me uma palavra que me satisfaz muito: que estaríeis muito contente numa cabana, contanto que tivésseis crianças à vossa volta. É por aí que vejo que tendes uma verdadeira vocação. À Irmã Valentina, ela exprime igualmente a sua alegria por estar tão contente a exercer o seu zelo para com as crianças. Estou sempre ocupada, aqui, a inspirar as que me rodeiam; não há nada tão consolador como trabalhar para fazer conhecer e amar Deus. Se todas as irmãs sentissem o preço da sua vocação, bendiriam mil vezes o Senhor por tê-las escolhido para trabalharem na sua vinha. Agradeço ao Bom Deus, dirá ela uma vez à Irmã Désiré, por estardes sempre bem contente na vossa santa vocação. Não há nada que leve tão bem a alegria à alma como os sacrifícios quotidianos de todo o género, como a confiança em Deus, o zelo continuado junto dos alunos. Eis bons meios para gozar a paz da alma e alegria do coração. Esforçai-vos por empregardes sempre estes motivos e estareis constantemente contente embora custe à natureza.

Em duas cartas pelo menos, a Madre Rivier cita como exemplo as irmãs Joséphine e Saint-Eloi que, em La Tour-d’Aigues, exercem um apostolado admirável:

Antes da sua chegada a esta paróquia, muito poucas pessoas assistiam aos Ofícios e as poucas que iam comportavam-se muito indecentemente. As procissões só eram compostas pelo Cura, o seu vigário, o bedel e um punhado de mulheres que seguiam conversando alto. Agora, já não é assim. Toda a gente vai aos Ofícios, estão lá respeitosamente, as conversas já não existem na igreja. Assiste-se com ordem às procissões com a modéstia religiosa; as crianças já não vão aos bailes como acontecia.

O exemplo das Irmãs, as suas instruções e os conselhos às suas alunas que são bem repetidos nas famílias têm os mais felizes sucessos e espera-se que em breve toda a paróquia esteja reformada. E a Madre conclui: Como é consolador ter filhas sólidas, zelosas e virtuosas! A alegria de ver Jesus Cristo melhor conhecido e melhor amado é tão profunda no coração da Mulher-Apóstolo que, dizia ela com um sorriso, as suas obreiras deveriam levar o mais longe possível o momento de irem gozar da bem-aventurança eterna. Ouvi-la-emos dizer: Tende cuidado com as vossas saúdes para poderdes instruir por mais tempo a juventude, trabalhar na extensão do Reino e procurar dar mais glória a Deus. Já muitas vezes se terá dito que ela teria querido fazer sair os jovens santos do Paraíso. Eis em que termos precisos ela o repete, no dia de Todos os Santos: A festa que celebramos enche-me de desejo de trabalhar por muito tempo. Quereria bem fazer sair do Paraíso uma dúzia dessas jovens santas tão ardentes para colocar uma delas em cada parte do país onde temos estabelecimentos para tudo abrasar com o amor de Deus.

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